


EM 2018, CERCA DE 10 MILHÕES DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
(OU 17,2% DA POPULAÇÃO DESSA IDADE)
NÃO RECEBIAM ÁGUA TRATADA EM SUAS MORADIAS.
O presente estudo, realizado pela BRK em parceria com a Consultoria Ex Ante, investiga, de vários pontos de vista complementares, a questão das crianças e adolescentes e o saneamento no Brasil. São consideradas crianças a população com idade de 0 a 12 anos, e adolescentes as pessoas com idade entre 13 e 19 anos. São analisados três aspectos fundamentais da vida dos jovens brasileiros: a saúde, a educação e a inserção no mercado de trabalho.
As questões associadas à saúde são fundamentais para as crianças com idade de 0 a 4 anos devido à maior suscetibilidade a doenças (menor imunidade e maior exposição) e à maior ocorrência de desnutrição.
Aos 5 anos de vida, começam a ganhar importância as questões associadas à educação e a como a falta de saneamento afeta as estatísticas de atraso e desempenho escolar. Na idade mais avançada, o tema da educação básica permanece estratégico, mas começa a ganhar relevância a questão do ingresso no mercado de trabalho e da progressão para a educação superior. Esses temas dão uma dimensão das condições econômicas dos jovens e remetem a uma importante questão de fundo que é o efeito do saneamento na mobilidade social.
5° ano
Nota média é 20,1% menor do que a dos demais. Estudantes não conseguem localizar informações explícitas em reportagens, reconhecer relações de causa e consequência em tirinhas e determinar o troco, por exemplo, a partir de moedas de 25 ou 50 centavos.
9° ano
Nota média esperada nas provas 12,4% menor do que os demais. Alunos não conseguem interpretar gráficos de linha simples ou determinar soma e diferença de números inteiros quando apresentados em forma de problemas
Ensino Médio
Nota média 11,8% menor do que os demais. Mesmo supostamente prontos para começar a trabalhar, esse grupo ainda não entende ironia em tirinhas e nem resolve problemas utilizando as 4 operações fundamentais, com números naturais.
INTRODUÇÃO
capítulo 1
AS CRIANÇAS E OS ADOLESCENTES BRASILEIROS
capítulo 2
AS CRIANÇAS E OS ADOLESCENTES E O SANEAMENTO NO BRASIL
capítulo 3
ACESSO AO SANEAMENTO E A SAÚDE DOS JOVENS BRASILEIROS
capítulo 4
ACESSO AO SANEAMENTO E O DESEMPENHO ESCOLAR
DOS JOVENS BRASILEIROS
capítulo 5
LEGADOS E SEQUELAS DA FALTA DE SANEAMENTO
ANEXOS

No Capítulo 1 do estudo, são traçados os perfis contemporâneos dos jovens brasileiros com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Continuada de 2018 (PNADC). A identificação desses perfis não só auxilia no entendimento da situação das crianças e adolescentes brasileiros como também permite capturar a heterogeneidade que há dentro desses grupos populacionais. Esse enfoque permite identificar as minorias mais vulneráveis e averiguar suas condições específicas de saneamento, saúde e inserção no mercado de trabalho desses grupos sociais.

Na sequência, o Capítulo 2 investiga o acesso das crianças e adolescentes brasileiros aos equipamentos de saneamento básico. Identifica-se a existência de déficits ainda elevados em 2018. Cerca de 2,4 milhões de jovens ainda viviam em moradias sem banheiro de uso exclusivo. Nesse ano, mais de 10 milhões de crianças e adolescentes ainda não recebiam água tratada em suas residências e havia 16,7 milhões de jovens que tinham acesso à rede geral de distribuição de água, mas a frequência de entrega da água em suas residências era insatisfatória. O contingente de crianças e adolescentes que residiam em moradias sem coleta de esgoto alcançou uma cifra ainda maior 23,6 milhões. Isso significa que um em cada quatro jovens brasileiros ainda vivia em situação precária do ponto de vista do acesso ao saneamento básico. Essas condições são analisadas em termos regionais e para grupos de idade, de autodeclaração de raça e de classe de renda domiciliar, o que permite identificar os déficits de forma mais precisa.

O Capítulo 3 do estudo investiga como as carências de saneamento comprometeram a saúde das crianças e adolescentes brasileiros. A falta de saneamento levou à ocorrência de doenças gastrointestinais infecciosas que, a depender da gravidade, ocasionaram o afastamento dos jovens de suas atividades rotineiras, o acamamento ou a internação hospitalar. Em casos extremos, essas infecções associadas à falta de saneamento levaram à morte. Essa análise está baseada em dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2013, a qual identificou a ocorrência de 6,7 milhões de casos de afastamento de jovens por diarreia ou vômito de suas atividades rotineiras. Desse total, 2,6 milhões de crianças e adolescentes ficaram acamados em razão dessas infecções. Segundo dados do Sistema Único de Saúde, foram registradas 215 mil internações de jovens em 2013 e 238 óbitos em razão de infecções gastrointestinais associadas à falta de saneamento nessa população. A ocorrência dessas doenças não só afeta diretamente seu bem-estar por que leva ao sofrimento implícito das doenças, como também ocasiona a diminuição do potencial de desempenho dos jovens nos estudos.

Para entender e mensurar esses fenômenos, o Capítulo 4 desta pesquisa trata as informações de educação dos jovens brasileiros. São analisados os indicadores de escolaridade média e de atraso escolar para diferentes grupos populacionais conforme o acesso aos equipamentos de saneamento. Também é avaliado o desempenho dos alunos do 5° e 9° anos do ensino fundamental e do 3° ano do ensino médio no Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), do Ministério da Educação, conforme os grupo de acesso ao saneamento.

Por fim, o estudo aborda como a carência de saneamento afeta diretamente as perspectivas dos jovens que na sequencia natural de suas vidas buscam uma inserção no mercado de trabalho ou prosseguem com seus estudos de nível superior. Essas questões são analisadas com base em estatísticas da PNADC e dos dados do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). As análises identificam o saneamento básico entre os fatores determinantes da distribuição de renda e da mobilidade social no longo prazo. Em sentido amplo, o capítulo final do estudo avalia como a carência de saneamento básico limita o potencial de bem-estar das crianças e jovens brasileiros, comprometendo sua saúde, sua educação e suas atividades econômicas. Visto de outro ângulo, essa analise indica, de um lado, os ganhos potenciais de bem-estar que poderiam ser obtidos com o avanço do saneamento e, de outro, a herança trágica da falta de saneamento para o futuro.